Juiz de Fora vive um cenário preocupante na educação infantil. Apenas 49,5% das crianças da rede pública municipal foram alfabetizadas na idade certa em 2024, segundo o novo Indicador Criança Alfabetizada (ICA), divulgado pelo Ministério da Educação e pelo Inep. O índice coloca o município com o pior desempenho entre as dez maiores cidades de Minas Gerais e entre os cinco piores da Zona da Mata. A notícia foi dada em primeira mão pelo jornal O Pharol.
O resultado está bem abaixo da média nacional (59,2%) e muito distante da média estadual (72,7%). Ainda assim, Juiz de Fora atingiu sua meta individual estipulada pelo Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (CNCA) — que era de 49,46%. Essa meta, no entanto, evidencia o quanto o município já previa dificuldades e mantinha expectativas baixas.
O ponto de corte para considerar uma criança alfabetizada foi determinado pela Pesquisa Alfabetiza Brasil, do Inep, em 743 na escala de proficiência do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) para alfabetização.
Crianças alfabetizadas – Maiores cidades de MG
Município | 2024 |
Montes Claros | 75.18% |
Divinópolis | 73.79% |
Contagem | 69.05% |
Belo Horizonte | 68.58% |
Governador Valadares | 68.07% |
Betim | 66.62% |
Uberlândia | 62.63% |
Ribeirão das Neves | 59.36% |
Uberaba | 57.68% |
Juiz de Fora | 49.55% |
Analisando o índice de alfabetização em Juiz de Fora
Garantir que as crianças aprendam a ler e escrever até os 7 anos é fundamental para o sucesso escolar e para romper ciclos de pobreza e exclusão social. Crianças que não são alfabetizadas na idade certa enfrentam barreiras duradouras: maior risco de evasão escolar, menos oportunidades no mercado de trabalho e menor participação na vida democrática.
Dados do IBGE apontam que adultos alfabetizados podem ganhar quase quatro vezes mais do que aqueles que não aprenderam a ler e escrever. Ou seja, alfabetizar é também garantir mais dignidade e futuro.
O que está sendo feito?
O programa Compromisso Nacional Criança Alfabetizada tem como meta garantir que 80% das crianças estejam alfabetizadas até os 7 anos até 2030. Para isso, aposta em cinco pilares:
- Gestão e Governança: apoio técnico e financeiro para que municípios criem políticas locais de alfabetização.
- Formação: qualificação de professores e gestores.
- Infraestrutura: materiais pedagógicos e espaços de leitura.
- Reconhecimento de boas práticas: premiação e divulgação de experiências de sucesso.
- Avaliação contínua: monitoramento frequente, diferente do antigo Saeb, que era amostral e bianual.
Um desafio urgente para Juiz de Fora
A baixa taxa de alfabetização em Juiz de Fora acende um alerta para a necessidade de revisão imediata das políticas educacionais locais. Embora o município tenha cumprido sua meta, os números mostram que o patamar de exigência está aquém do ideal — e que crianças estão ficando para trás.
Além disso, o relatório nacional ainda não divulga dados por raça ou etnia, o que impede a análise das desigualdades estruturais, como o impacto do racismo no acesso à alfabetização. É um ponto que precisa ser enfrentado para avançar em justiça social.
O Folha JF procurou a PJF para comentar os números e o que está sendo feito para melhorar a alfabetização, mas não teve retorno. O espaço segue em aberto para uma resposta.