Os sindicatos de trabalhadores rodoviários voltaram a cobrar a volta dos cobradores de ônibus após a divulgação de um estudo da Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro), apresentado nesta quinta-feira (18), durante visita da Comissão do Trabalho, da Previdência e da Assistência Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
A pesquisa, iniciada em 2019 e concluída em 2023, revelou que a retirada dos cobradores — substituídos pela bilhetagem eletrônica em 2012 — aumentou a sobrecarga e os riscos para os motoristas de ônibus, que passaram a acumular funções.
Riscos identificados no estudo sobre cobradores de ônibus e motoristas
O levantamento mostrou que ainda há grande uso de dinheiro em espécie, obrigando o motorista a cobrar e dar troco enquanto dirige. Além disso, os cobradores atuavam como verdadeiros copilotos, auxiliando em manobras, trocas de faixa e organização de embarque e desembarque.
Sem esse apoio, os motoristas ficam mais vulneráveis a erros, como arrancar o veículo antes do fim do desembarque ou realizar manobras com pouca segurança. Também precisam interromper a atenção no trânsito para dar informações a passageiros ou acionar o elevador para pessoas com deficiência.
Voz dos sindicatos
Para José Márcio Ferreira, do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte (STTRBH), a ausência dos cobradores de ônibus tem levado à precarização da profissão e ao afastamento de trabalhadores, o que ameaça até mesmo um colapso no sistema de transporte. “Ter uma instituição de Estado olhando pra isso e ampliando nossa voz nos dá esperança”, afirmou.
Representantes de sindicatos de outras cidades também relataram que a retirada dos cobradores ocorreu em municípios do interior e pediram que o estudo seja apresentado em câmaras municipais para conscientizar autoridades locais.
Recomendações
Além de cobrar a volta dos cobradores de ônibus, o estudo apresentou recomendações técnicas para governos e empresas, como:
- Melhorar a sinalização de vias e revisar regras de estacionamento;
- Incentivar o uso de cartões de pagamento e ampliar os pontos de recarga;
- Implantar câmeras que ampliem a visibilidade dos motoristas;
- Ampliar intervalos entre viagens e garantir banheiros para motoristas;
- Criar grupos de consulta com motoristas experientes para decisões sobre novos veículos.
Tarifa Zero em debate
O deputado Celinho do Sintrocel (PCdoB), que solicitou a visita, reforçou a necessidade de subsídios governamentais ao transporte público e defendeu a instituição da tarifa zero nos municípios. Para ele, além das medidas estruturais, a volta dos cobradores é essencial para melhorar as condições de trabalho e a segurança de motoristas e passageiros.