A recente nomeação de Sílvia Mendes de Oliveira como secretária adjunta da Saúde de Juiz de Fora não passou despercebida pelos bastidores da política municipal. Segundo apuração do Folha JF, Sílvia era uma das pessoas de extrema confiança da secretária de Fazenda, Fernanda Finotti, com quem trabalhou na Subsecretaria de Orçamento e Prestação de Contas. A movimentação de Sílvia para outra pasta reforça o poder que Finotti exerce dentro da gestão da prefeita Margarida Salomão (PT).
Essa troca ocorre logo após a exoneração de Ana Luisa Guimarães do comando da Secretaria de Saúde. A mudança, segundo fontes ouvidas pelo Folha JF, foi motivada por atritos entre Ana Luisa e Fernanda Finotti. A tensão entre as secretarias teria se intensificado nos últimos meses, em especial por conta dos atrasos nos repasses da Prefeitura de Juiz de Fora aos hospitais que prestam serviço SUS na cidade.
A nomeação de uma aliada da Fazenda para um cargo estratégico na Saúde corrobora a tese de que Finotti saiu vitoriosa desse embate, apesar do argumento oficial do governo de que Ana Luísa deixou o cargo por questões pessoais.
E não é a primeira vez que Fernanda Finotti vence uma disputa interna dentro do governo.
Durante o primeiro mandato da prefeita Margarida, Fernanda Finotti já havia enfrentado embates internos com o então secretário de Recursos Humanos, Rogério de Freitas. Na época, o setor de Recursos Humanos sofria pressões por conta de atrasos nos pagamentos a fornecedores e problemas nos salários de servidores, sobretudo da Educação.
Além dos embates internos, Fernanda Finotti também coleciona enfrentamentos públicos, especialmente na Câmara Municipal. Vereadores de oposição já a convocaram diversas vezes para explicar contas públicas, e críticas se intensificaram após denúncias de assédio contra auditores fiscais da Prefeitura. Mesmo com as pressões, Finotti não apenas permaneceu no cargo, como ampliou sua influência no segundo mandato.
Desde 2025, a Secretaria de Fazenda passou a incorporar o Planejamento, aumentando seu alcance sobre as finanças públicas. Também no começo do ano, Fernanda conseguiu emplacar Matheus Jacometti, aliado de Finotti, no comando da Secretaria de Recursos Humanos. Rogério de Freitas, que teve embates com a titular da Fazenda no primeiro mandato de Margarida, foi deslocado para a Funalfa.
Com isso, Fernanda Finotti hoje detém poder sobre o planejamento financeiro da Prefeitura, o controle do Tesouro Municipal e influência direta sobre os pagamentos da folha e fornecedores, por meio de sua proximidade com Recursos Humanos. Internamente, há quem diga que, na prática, é ela quem controla as engrenagens mais importantes da gestão.
Os desafios da nova estrutura da Secretaria de Saúde
Na Secretaria de Saúde, a nomeação de Sílvia Mendes ocorre em um momento sensível. Quem assume o comando da pasta é Jonathan Ferreira Tomaz, servidor de carreira e sanitarista, com longa experiência na estrutura municipal. Jonathan esteve à frente da Subsecretaria de Vigilância em Saúde nos últimos cinco anos e teve papel importante durante a pandemia de Covid-19, coordenando a campanha de vacinação na cidade.
Agora, Jonathan herda uma pasta com grandes desafios. Hospitais contratualizados reclamam de sucessivos atrasos nos pagamentos, e há pressão da sociedade por melhorias em unidades como o HPS e o Regional Leste, de gestão direta da Prefeitura. Além disso, caberá a ele conduzir a construção do Novo HPS, compromisso firmado entre a PJF, o Governo de Minas, a Justiça e o Ministério Público.
A entrada de Sílvia como número dois da pasta é vista como uma tentativa de reestruturar financeiramente a Saúde com os critérios de controle da Fazenda. Mas também é uma mensagem clara: a influência de Fernanda Finotti segue sendo um dos pilares do governo Margarida.