Em junho de 1861, Juiz de Fora — ou melhor, a então Cidade do Paraibuna, recém-emancipada — viveu dias de puro esplendor. Ruas enfeitadas, jardins iluminados, banquetes e música. O motivo? A visita do homem mais poderoso do Brasil: Dom Pedro II, o imperador.
Durante cinco dias, a cidade se transformou para receber Sua Majestade Imperial e toda a comitiva. E quem organizou essa recepção digna de corte real foi Mariano Procópio Ferreira Lage, um dos fundadores de Juiz de Fora e amigo pessoal de Dom Pedro II. Sua Majestade Imperial ficou no imponente palacete de Mariano Procópio Ferreira Lage, onde hoje é o Museu Mariano Procópio.
A visita imperial ficou marcada como um símbolo de prestígio e poder para o anfitrião — e de orgulho para a cidade que nascia.
Uma disputa de poder e prestígio
A presença de Dom Pedro II em Paraibuna não foi apenas um gesto de cortesia. Na época, Mariano Procópio e Henrique Guilherme Fernando Halfeld, dois dos principais nomes ligados à fundação da cidade, disputavam influência política e econômica.
Para Mariano, receber o imperador era um trunfo.A vinda do imperador significava poder e imponência. Ter o imperador aqui era uma forma de reafirmar o poder e as ligações que tinha com o governo central. A visita colocou o nome de Mariano Procópio definitivamente entre as figuras mais importantes de Minas Gerais no período imperial.
O progresso como bandeira de Dom Pedro II
Mariano era um entusiasta da modernização — e sabia agradar o imperador com o que ele mais valorizava: infraestrutura. Foi ele quem criou a Companhia União e Indústria, primeira estrada de rodagem macadamizada do Brasil, ligando Juiz de Fora a Petrópolis.
Mais tarde, com a chegada da ferrovia, tornou-se um dos diretores da Companhia Dom Pedro II, cujos trilhos ainda cruzam Juiz de Fora. Essas obras consolidaram a cidade como um importante centro econômico e de ligação entre Minas e o Rio de Janeiro.
O palacete e a memória preservada
O local onde Dom Pedro II se hospedou ainda está de pé — hoje, o Museu Mariano Procópio, um dos mais importantes acervos históricos do país.
Lá, uma placa de bronze recorda os dias em que o imperador dormiu em solo juiz-forano, há mais de 160 anos.
A história, que mistura política, amizade e ambição, foi resgatada pela historiadora Patrícia Genovez, na coluna Dom Pedro II – 200 anos, publicada pelo Museu Mariano Procópio em parceria com o Diário de Minas.
Juiz de Fora e o Império: um elo permanente
Mais do que uma visita, a passagem de Dom Pedro II marcou o início da consolidação de Juiz de Fora como cidade moderna e influente. Hoje, o Museu Mariano Procópio guarda essa e outras memórias do tempo em que a “Cidade do Paraibuna” era parada obrigatória da realeza.