O fotógrafo acusado de estupro coletivo, ocorrido dentro de um condomínio no bairro Cidade Alta, em Juiz de Fora, se apresentou nesta semana à Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam). Acompanhado dos advogados Thiago Rodrigues e Rudolf Rocha, o homem negou ter cometido o crime e afirmou que a relação com a vítima teria sido consensual.
Segundo os advogados, foram entregues arquivos de mídia à delegada responsável pelo caso, que, de acordo com a defesa, “comprovam a inocência do acusado e que a relação aconteceu com o consentimento da vítima”.
O fotógrafo foi ouvido e liberado após prestar depoimento, mas o caso segue em investigação.
Fotógrafo acusado de estupro coletivo tem histórico de violência doméstica
Apesar da apresentação do acusado e da negativa do crime, o histórico do fotógrafo levanta preocupações. A reportagem do Folha JF teve acesso a um boletim de ocorrência registrado em fevereiro de 2023, no qual a ex-namorada do investigado o acusou de perseguição, abuso psicológico e violência sexual.
Segundo a mulher, o relacionamento durou sete meses, mas mesmo após três anos do término, ela continuava sendo vigiada e assediada por ele. O fotógrafo teria enviado mensagens ao atual marido da ex-companheira e demonstrado comportamento possessivo.
Ainda de acordo com o boletim, a mulher relatou que sofria violência sexual, controle de comportamento e ciúmes excessivos, além de receber ameaças. “Ele dizia que, se eu não ficasse com ele, não ficaria com mais ninguém”, teria relatado a vítima à polícia.
Com base nas denúncias, ela obteve medida protetiva. O processo relacionado a este caso tramita em segredo de Justiça.
Relembre o caso do estupro coletivo
A vítima, de 31 anos, relatou à polícia que foi estuprada por três homens durante a madrugada de domingo para segunda, dentro de sua casa, localizada em um condomínio fechado na Cidade Alta.
Segundo o boletim da PM, a vítima e duas amigas participaram de um evento no bairro São Mateus. Após ingerirem bebida alcoólica, aceitaram a oferta de carona feita por um fotógrafo que estava no local. A viagem até o condomínio foi feita no carro da própria vítima.
Durante o trajeto, ela chegou a ligar para um amigo dizendo que não se sentia bem e pediu que ele fosse até sua casa. Ao chegarem no local, ela vomitou e foi levada para o quarto por esse amigo, que então chamou um carro de aplicativo para levar o fotógrafo embora.
No entanto, de acordo com o relato da vítima, ela teve “lampejos de consciência” durante a madrugada, nos quais se lembrava de estar sendo violentada sexualmente por dois homens vestidos de preto, enquanto um terceiro vigiava a porta.
Imagens das câmeras de segurança do condomínio, confirmadas pelos policiais, mostram que o fotógrafo retornou ao local durante a madrugada, conversou com vigilantes e pulou o muro da residência da vítima. Pouco depois, outros dois homens também entraram com ajuda de um dos seguranças, que teria fornecido o controle do portão.
Cerca de 1h15 minutos depois, o grupo deixa a casa. A vítima foi levada ao Hospital de Pronto Socorro (HPS), onde exames confirmaram conjunção carnal recente.
Até o momento, os outros três suspeitos não foram localizados.
Polícia Civil investiga o caso
A Polícia Civil está investigando esse caso de estupro coletivo ocorrido na Cidade Alta. De acordo com a assessoria da PC, o caso está em sigilo para proteger a vítima. “O caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público, e todas as diligências estão sendo realizadas com a devida responsabilidade, considerando, sobretudo, a proteção da vítima. Há uma preocupação permanente em evitar sua revitimização e exposição indevida”, informou a assessoria da corporação.
A PC informou que só irá se manifestar ao final das investigações. “Ressaltamos que o inquérito tramita sob sigilo , conforme previsto em lei. Por esse motivo, a Polícia Civil não irá divulgar, confirmar ou comentar qualquer informação relacionada ao caso até a conclusão das investigações”, finalizou.