A ligação entre Santo Antônio e Juiz de Fora é antiga, mística e cheia de significados. Diversas versões históricas e lendas explicam o motivo pelo qual o santo é o padroeiro da cidade. As narrativas vão desde promessas feitas por bandeirantes a devoções de antigos fazendeiros, passando até por histórias de milagres e “fugas” do santo.
Uma das versões mais aceitas está no livro A Devoção a Santo Antônio em Juiz de Fora, do historiador Antônio Carlos Lemos Ferreira. Segundo ele, o bandeirante Garcia Paes, no século XVIII, foi responsável por uma das primeiras ligações do santo com a região. Como era de praxe naquela época, os bandeirantes, antes de começar as expedições, iam a uma igreja, pediam as bênçãos e saíam com uma espécie de bandeira, com o objetivo de ter as bênçãos durante o trajeto, explica o autor no livro.
Garcia Paes teria saído de Paraíba do Sul, levando consigo uma imagem de Santo Antônio, e ao passar pelo local que futuramente se tornaria Juiz de Fora, deixou a imagem em uma pequena capela — no atual Morro da Boiada.
Arquidiocese conta outra história sobre Santo Antônio ser padroeiro de Juiz de Fora
Já a Arquidiocese de Juiz de Fora sustenta outra versão: a de que um fazendeiro chamado Antônio Vidal, devoto de Santo Antônio, construiu uma capela às margens do Rio Paraibuna, também no século XVIII. Cem anos depois, essa fazenda foi vendida para Antônio Dias Tostes, que decidiu transferir a capela para a região onde hoje é o bairro Santo Antônio.
Quando o povoamento de Juiz de Fora começou a se consolidar no atual centro, com a abertura da Estrada do Paraibuna pelo engenheiro Mariano Procópio — o Velho Halfeld — foi construída a primeira igreja da cidade, a antiga Matriz, hoje conhecida como Catedral Metropolitana. A homenagem a Santo Antônio permaneceu, consolidando ainda mais a relação do santo com o crescimento urbano da cidade.
A lenda do Santo Fujão
Há também uma lenda curiosa, registrada em tradições populares, de que a imagem de Santo Antônio teria sido levada do Morro da Boiada para a antiga Matriz, no centro da cidade, simbolizando a transferência do eixo religioso do campo para o espaço urbano em formação. No entanto, o Santo “fugia” e era encontrado novamente na capela de origem. Isso teria ocorrido diversas vezes, até que “prenderam” o Santo na Matriz.
Não por acaso, o primeiro nome oficial da cidade foi Santo Antônio do Paraibuna, usado até o final do século XIX, quando a cidade passou a se chamar Juiz de Fora, nome que prevalece até hoje.