Enquanto o estado de São Paulo enfrenta um aumento preocupante nos casos de intoxicação por bebidas adulteradas com metanol, Juiz de Fora não registrou até o momento nenhuma ocorrência relacionada ao consumo desse tipo de produto. A confirmação foi feita por órgãos locais de saúde, que reforçam a importância da vigilância e da prevenção.
De acordo com dados do CIATOX (Centro de Informação e Assistência Toxicológica) de Campinas, setembro registrou 9 casos confirmados de intoxicação por metanol, incluindo dois pacientes que perderam a visão. Outros 10 casos seguem sob investigação. Já em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, a Secretaria Municipal de Saúde apura uma morte suspeita e três novas internações ligadas ao consumo de bebidas adulteradas.
O perigo do metanol
Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier de Campinas, o metanol, quando metabolizado pelo organismo, se transforma em ácido fórmico, altamente tóxico para o corpo. Essa substância pode provocar desde cegueira irreversível até falência de órgãos vitais como fígado, rim, pâncreas e coração. Os sintomas geralmente aparecem entre 12 e 24 horas após a ingestão, incluindo visão turva, dor nos olhos, náuseas, dor de cabeça intensa e alteração da consciência.
O especialista alerta que as primeiras 48 horas são cruciais para salvar a vida e a visão do paciente. Nesses casos, o tratamento pode envolver hemodiálise para eliminação da substância do corpo e uso do antídoto fomepizol.
Risco nacional em debate
O avanço dos casos em São Paulo acendeu um alerta em todo o país. O governador Tarcísio de Freitas confirmou a apreensão de 50 mil garrafas adulteradas e 15 milhões de selos falsificados em operações recentes. Já o Ministério da Justiça informou que a Polícia Federal abriu investigação para rastrear a origem do metanol utilizado pelas quadrilhas.
Embora não haja registros em Juiz de Fora, a recomendação é de cautela. As autoridades orientam que a população verifique sempre se a garrafa apresenta registro da Anvisa, lacre de segurança e selo fiscal, e evite consumir bebidas de procedência duvidosa.
A situação reforça a preocupação com a fiscalização de bebidas adulteradas no Brasil, um problema que, segundo especialistas, não se restringe a São Paulo e pode impactar outras regiões.